Como um empreendedor deve se preparar para o processo de captação de recursos

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Por Lucas Wu

Prepare-se sempre para não precisar de investimentos que custem parte do seu equity. Mas se decidir captar, esteja muito bem preparado.

Captar recursos não é uma corrida de tiro curto, mas uma maratona. Como tudo mais na vida de um bom empreendedor. Aqui, te mostramos algumas das nossas experiências para ajudar nessa preparação.

 

Relacionamento, relacionamento, relacionamento, sempre

Um bom preparo exige que você comece pela construção de um relacionamento com potenciais fundos investidores e de suas empresas investidas, antes mesmo do momento da captação.

Poucos consideram essa etapa com a antecedência necessária, de 6 a 12 meses. Comece o quanto antes, de preferência agora, a construir uma relação mais frutífera com os fundos certos. Como? Através de contatos contínuos e consistentes.  Até o final desse artigo, você vai saber como fazer.

Além disso, a captação é muito mais que apenas dinheiro – traz-se também um sócio para dentro de casa. Conversas com empresas que já foram investidas são muito importantes para a entender o perfil e qual é a atuação de um determinado investidor na prática. Escolha os empreendedores com quem você quer falar. Bons empreendedores ajudam bons empreendedores.

 

Sou candidato a pre-seed, seed ou series A?

É preciso entender em qual estágio de captação os fundos enxergam a sua empresa. Essa nuance tem mais arte do que ciência.

Felizmente, os próprios fundos e instituições criaram benchmarks para facilitar essa compreensão. Dentre muitos, gostamos de dois que se são o da big_bets e o mapa de acesso a capital da Endeavor.

A partir desses benchmarks, você deve ser capaz de responder algumas perguntas fundamentais antes da captação de recursos, como:

  • O que os fundos esperam da minha empresa?
  • Qual o foco de análise desses fundos?
  • Como minha expectativa atual se alinha com o processo?

 

Meu novo sócio

Tendo clareza sobre aonde sua empresa se encaixa na visão dos fundos, o próximo passo é uma lista inteligente de investidores que vale a pena contactar.

Você precisa gerar o máximo de opções para fazer uma boa captação. Um dever de casa bem feito pode levar à uma relação de 50 a 70 nomes que valem a pena. Com o tempo e os contatos frequentes, você vai ter a resposta prática de quem é quem na hora de avaliar o seu bem mais precioso, que é seu equity.

É importante entender as teses de investimento, o perfil do investidor, sua geografia, cheque e nível de maturidade da empresa. É relevante, inclusive, compreender a intenção do papel do investidor após o aporte, seja ele minoritário ou majoritário, e qual influência pretende exercer.

Por fim, atenção na escolha da pessoa de contato no lado do investidor, uma vez que é ela quem levará e defenderá a tese dentro da companhia. Um interlocutor inadequado pode prejudicar decisivamente a sua tese.

 

Uma história bem contada vale mais

Mapeados os investidores, agora é o momento de apresentar sua empresa, que é certamente mais do que um arquivo de power point.

A chave para a preparação de qualquer material é a consistência. Você deve buscar coerência, tanto no conteúdo quanto na forma, acima de complexidade.

 

  • Pitch Deck

Um pitch deck é um conjunto de slides pensados para gerar interesse inequívoco sobre sua empresa hoje e no seu potencial futuro. O objetivo não é contar toda a sua trajetória, mas a de ser um trailer que leva a quem estiver lendo ter a vontade incontrolável de conhecer mais a respeito. Ou seja, marcar uma primeira reunião. Pratique o story telling o máximo que puder, estude a respeito.

Os fundos estão acostumados a procurar esses capítulos no deck:

  • Problema & Solução
  • Mercado & Competição
  • Produto
  • Tração
  • Time, time e time
  • Modelo de negócios e estratégia go-to-market
  • Principais números financeiros, atuais e futuros (3 anos)
  • Detalhes da captação (“The Ask”)

 

Como o futuro está modelado?

O modelo financeiro deve refletir como você escolhe e acredita na estratégia da empresa para o que vem pela frente.

De forma simples, projeta-se o crescimento de receita/despesas/custos e principalmente, demonstra-se a necessidade de caixa para o cenário futuro da companhia.

Portanto, as premissas que você usar devem ser claras e razoáveis, gerando conforto no reconhecimento dos números apresentados e, assim, mantendo a consistência.

 

E como são as métricas atuais da operação?

É importante – e, também, de bom tom – preparar e formatar os principais dados operacionais, métricas de acompanhamento de operação e funis, além de um roadmap de desenvolvimento claro. Isso permitirá que o processo caminhe com menos tropeços e ruídos, sinalizando um bom preparo e nível de organização da empresa.

Além disso, informações organizadas e com bom controle ajudam à você controlar o processo, otimizando o tempo de resposta quando dados adicionais forem solicitados pelo potencial investidor.

 

Mas afinal, quanto vale minha empresa?

Um ponto que certamente surgirá é a discussão sobre valuation da empresa. Isso não é necessariamente uma etapa, mas parte importante do processo.

Enquanto é, sim, importante que você tenha um claro balizamento de valores, pode não ser estratégico dividi-lo com os investidores em um primeiro momento. Sinalizar um valor antes da hora pode prejudicar a estratégia de negociação, indiretamente estabelecendo um teto ou uma âncora na valoração.

A estratégia negocial mais comum, especialmente em rodadas com fundos de venture capital (VCs), é a indicação de valores muito próximos ao padrão que o mercado pratica. Por vezes, principalmente em rodadas mais early, rodadas não precificadas são usuais e os termos associados a ela merecem cuidado.

Isto posto, é válido reforçar que nem tudo é valuation! A imposição de condições que afetam futuras rodadas, como cláusulas de drag along e liquidation preference, por exemplo, pode causar cenários desfavoráveis. A melhor proposta pode não ser a de maior valor.

 

Resumindo, preparar, preparar e preparar, sempre.

 

Boa captação!

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